A história do parto do Victor

Meia noite do dia 21/03 de 2009, começavam as contrações. O meu menino sapeca estava querendo nascer! Sapeca porque veio assim, sem muito planejamento quando minha primeira filha tinha apenas seis meses. Casa de ferreiro , espeto de pau…engravidei no sexto dia do ciclo!
Comecei a andar para que as contrações se tornassem ritmadas e mais fortes. Nunca senti medo desta dor, mas estava apreensiva porque meu primeiro parto foi difícil, com direito a UTI e tudo. Mas era noite, todos dormiam e a paz da casa me acalmou.
Assisti um filme, caminhei, caminhei de um lado para o outro da sala, olhando a noite do primeiro dia de outono e me concentrando no meu pequeno. Queria mesmo estar sozinha neste momento que era só meu e dele. A dor vinha e eu respirava, mandando boas energias a ele que se encaixava lentamente na minha bacia.
Mas, era ele, o Victor que vinha. Pessoa de personalidade forte e, de repente, as contraçoes se tornaram intensas. Liguei para minha mãe que vinha ficar com meu outro bebê de um ano e três meses e acordei meu marido. Ela demorou um pouco a chegar e no meio do caminho para maternidade senti que ele já estava quase lá.
Cheguei em quase desespero no hospital (onde sou do corpo clínico, diga-se de passagem…) e esmurrei o balcão de atendimento em que não havia ninguém para atender. Gritei num total vexame: “vem alguém aqui, tá nascendo, pelamordedeus”!!
Logo chegou a enfermeira e me examinou: 7 cm, colo bem fininho.
Eu só queria saber de uma coisa: “minha anestesista já está aí?”
A anestesista tinha chegado, mas minha médica não (avisei em cima da hora, quando a coisa apertou!). Falei: “anestesia assim mesmo, qualquer um faz parto neste lugar, eu já não estou aguentando mais”. Claro, que tudo isto foi aos berros, no calor das contrações… Mas as anestesista não conseguia fazer a punção da peri-dural porque eu me mexia, ficava tensa, mudava de posição, as contrações vinham de 3 em 3 minutos e eu já estava dando xilique quando ela finalmente conseguiu. Nesta hora, esqueci que era médica, era simplesmente uma mulher parindo!
Foi o tempo da minha médica chegar e me tocar: dilatação total! Ela teve que me acalmar porque a anestesia ainda não havia pegado bem e eu gritava “ainda estou sentindo, faz mais anestésico no catéter”. O bebê já estava bem baixo e pedia passagem com toda sua determinação! Força, força mais uma vez e …..choro alto e potente como ainda é! E eu senti um pouco ele saindo, na sua passagem para a vida e adorei!
Fiquei feliz que a anestesia não tirou toda minha sensibilidade, mas foi suficiente para amenizar a dor. Perfeito, como eu merecia e como todas as mães merecem, cada uma ao seu modo, de acordo com sua escolha.

Nasceu um menino forte que no primeiro momento já sugou o peito, faminto. Ele é do primeiro dia de áries, intenso, brigão, dramático, ágil e que faz valer sua vontade, nem que seja na marra! Um verdadeiro hominho para me fazer entrar no mundo masculino, me ensinar a ver as coisas de forma mais direta, objetiva. Ou o brinquedo é dele ou É DELE. Mede força com a irmã o tempo todo, bate em criança maior e me quer só dele, um chiclete total.
Mas ao mesmo tempo, é um charme só, pega meu rosto em suas mãozinhas e diz: “mamãe, você é linda”. Fui proibida de chamá-lo de bebê, agora só pode ser “menino grande”, mas à noite, quando ninguém está escutando e ele me chama, digo baixinho em seu ouvido: “o que foi, meu bebê?”
Filho, se eu pudesse, congelava o tempo, te deixava assim um menininho, mas ainda com jeitinho de bebê. Daqui há um ano, você vai estar maior e será cada vez menos meu, por isto já te ensinei a falar: “eu sou da minha mamãe”!

Parabéns, meu lindo!

P.S. Miiil desculpas queridas, sumi daqui. Minha vida está uma loucura, nem as sombrancelhas consegui fazer este mês, mas prometo voltar em breve!

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