A Escolha de Ser Mãe

Entrevista especial de dia das mães

 Entrevista para Bruna Torres publicada no site O Mundo Mamãe e Bebê em 13/05/2017.
A escolha de ser Mãe – Entrevista com Carolina Ambrogini

Que prazer o meu entrevistar ela! Médica ginecologista, sexóloga, mãe, palestrante, colunista da revista crescer e de outros canais. Carolina está sempre envolvida e engajada em tudo que se refere ao bem estar da mulher.

Uma mulher moderna e inspiradora para abrilhantar nosso espaço nessa véspera especial de Dia das mães!

Bruna – Estamos passando por um momento historicamente importante. Nunca falamos tanto em emponderamento feminino.  Como você define esse emponderamento e o principal objetivo dele?

Carolina: “As mulheres estão passando por um momento muito importante, nos tornamos independentes, mas não totalmente livres, ainda temos muitas amarras, resultado de séculos de uma educação que nos tolhia em diversos aspectos. O “empoderamento” feminino é uma palavra de ordem, um basta a todos estes entraves, é nada mais do que um aviso de soltura. Queremos liberdade para nos expressarmos e para vivermos como bem entendermos, sem julgamentos, críticas ou reprovações com relação ao nosso “comportamento”.”

Bruna – Por conta das dificuldades sociais, preconceitos, escassez de tempo, múltiplas responsabilidades etc muitas mulheres estão com medo da maternidade e suas escolhas. Como tratar as incertezas e os fantasmas diante desse cenário e saber o “melhor” momento? Existe de fato algum benefício em planejar  o  “melhor” momento?

Carolina: “A maternidade segue um caminho paradoxal atualmente, ou é “a coisa mais maravilhosa do mundo”ou é “algo que dá muito trabalho”. O fato é que as do primeiro grupo, quando se tornam mães, se deparam com a realidade, sim, nos tempos de MBA, só sabemos sobre o mundo infantil quando voltamos da maternidade com um pacotinho berrante, e se sentem “traídas” pelo sonho de realização total e absoluta em que acreditaram e perpetuam muitos sentimentos negativos. Por outro lado, tem um montão de mulher abrindo mão da maternidade porque “dá trabalho demais”, influenciadas por uma amiga que viveu este choque de realidade. Precisamos achar um meio-termo, pois realmente é muito bom ser mãe, mas dá trabalho mesmo e sempre vai dar, em qualquer momento da vida. Sempre existirão prós e contras em qualquer fase. Vale muito discutirmos sobre a maternidade real e nos ajudarmos como mulheres e mães, para que a vida fique mais leve e divertida, no meio à tantas responsabilidades. A mãe atual está muito sozinha, perdeu sua rede de apoio, só pode contar com a babá ou a escolinha, vamos nos ajudar, nem que seja com uma palavra amiga e não de julgamento.”

Bruna: Você considera o mercado de trabalho atual, um mercado maduro e preparado para absorver profissionais/mães ou o preconceito ainda é muito presente?

Carolina: “Ainda temos muito a caminhar… Emprego bate-cartão é algo muito complicado para uma mãe de criança pequena, é uma fase que exige muita dedicação e a mulher quer estar ali, fica dividida. Por outro lado, muitas executivas deixam de ganhar uma promoção se a empresa percebe que elas podem engravidar. As empresas precisam se adaptar, principalmente sendo mais maleáveis com os horários de uma mãe, muitas vezes ela será mais produtiva se tiver um horário reduzido e uma executiva mãe, pode se tornar ainda mais brilhante, pois a maternidade nos faz mais inteligentes e focadas no que realmente interessa.”

Bruna: As questões emocionais hoje afetam muito mais a saúde da mulher do que propriamente as questões físicas, a que se deve na sua opinião essa realidade?

Carolina: “Sim, as mulheres hoje andam exaustas e por isto desenvolvem vários tipos de dificuldades na área mental, principalmente ansiedade e depressão. Não tem jeito, o homem precisa realmente entrar de vez na divisão de tarefas, para que a carga nos ombros de sua esposa se alivie um pouco. Mas esta mulher precisa deixar também. Precisa aprender a delegar, a não ser tão controladora e perfeccionista e se permitir momentos só dela, para recarregar as energias.”

Bruna: Com base na sua experiência de consultório, ao ouvir relatos de tantas mulheres de todas as idades, quais seriam as 5 dicas mais preciosas para que as mães de hoje contribuam para a autoconfiança e bem estar de suas filhas, que serão as mães da próxima geração?

Carolina: “Primeiríssima coisa: Ser mulher é MUITO bom! Poder gerar, parir, cuidar, se embelezar à vontade, expressar seus sentimentos… Nada de frases como “na próxima encarnação quero nascer homem”!

2- Ela poderá ser o que quiser, independente de ser mulher

3- Homem lava a louça, arruma a casa e toma conta de criança sim, olha só o exemplo bom do seu pai

4- Pode conhecer o seu corpo à vontade, ele te pertence, seja íntima e dona dele

5- Dê muito amor, uma criança criada com afeto já tem a principal base para ser uma pessoa feliz e segura”.

Bruna: Na sua opinião, não só a maternidade e reprodução, mas o tema educação sexual em geral deveria ser mais discutido e consequentemente esclarecido em casa e inclusive nas escolas?

Carolina: “Educação sexual começa em casa e é responsabilidade dos pais e Não da escola, esta pode ajudar com palestras didáticas e grupos de apoio, mas a principal função é dos pais e começa por tratar o sexo e as coisas do corpo com naturalidade, sem tabus ou preconceitos, depois é só ir respondendo às dúvidas que surgem e ficar vigilante, procurar saber da vida, das amizades, dos grupos do seu filho, SEM invasão, SEM crítica demais e com mais papo.”

Bruna: Se você pudesse dar UM recado para TODAS as mulheres que são ou pensam em ser mães vislumbrando o bem estar delas, que recado seria esse?

Carolina: “Não desista deste sonho, é REALMENTE a melhor coisa do mundo, dá trabalho SIM, você talvez não se sinta TÃO completa como esperava, tenha momentos ruins, tenha que adiar alguns planos, mas, com organização e ajuda, cabe tudo no pacote.”

Bruna: Para você, se tornar mãe é….?

Carolina: “Uma experiência profunda, que te faz crescer, testar limites, paciência, estabelecer prioridades e sobretudo, experimentar um amor estratosférico. Não existe mãe que não seja feliz.”

Obrigada Carolina, pela entrevista deliciosa para esse espaço que valoriza tanto todas as mulheres e a missão árdua da maternidade.

Feliz dia das Mães!

Beijos

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