A maternidade e seu poder transformador

 Adorei este texto da Ana Kessler do portal Tempo de Mulher. Lindamente escrito.
 Sem dúvida, é impossível ser mãe e não se transformar.
 Nasce o filho e a mulher obrigatoriamente renasce, surge uma outra dentro dela mesma.
 Para Ana e acredito que para muitas outras mulheres, o parto desta outra, da mãe que surge, é difícil, penoso e solitário.
 O meu não. Renasci como uma esplendorosa borboleta. E era tanto entusiasmo e paixão que eu quase não me cabia dentro de mim. E olha que acabava de ser mãe de uma bebê prematura, mínima de tão pequena e que veio ao mundo num susto.
 Ao invés de Blues puerperal, vivenciei uma euforia. Falava para todo mundo: “quero ter mais filhos, mais uns dois, quero viver isto de novo.” Com o tempo, aquela agitação toda foi se transformando em serenidade, em completude. O círculo se fechava, redondo.
Marina veio para somar. Ela sempre foi calma e alegre. Claro, dava uns trabalhinhos, mas consegui ir levando numa boa. Continuei trabalhando, fazendo ginástica, saindo com meu marido (as avós disputavam para ficar com ela). Como sempre adorei uma rua, colocava ela no carrinho e ia pro mundo, corajosa e destemida.
No entanto, a vida quis me ensinar mais sobre maternidade. Quando minha filha tinha apenas seis meses, engravidei novamente (não conta pra ninguém que sou ginecologista).
Victor, ele sim, veio para mudar tudo. Tsunami, é a palavra correta. Me vi com dois bebês, em fases diferentes e que exigiam muito. Marina nem andava ainda.
Nesta hora, minha amiga, o bicho pegou.
A borboleta perdeu algo que lhe era essencial: sua liberdade. Foi pega por uma rede e colocada em uma caixa de vidro.
Não conseguia ficar com os dois sozinha, dependia sempre de alguém por perto, o que para mim era a morte.
 E Victor deu  trabalho com T maiúsculo. Teve cólica, refluxo, não dormia, era (e ainda é) chiclete e por aí vai…e entra babá e sai babá…
Tive que me virar nos trinta para continuar trabalhando e só não pirei por um motivo: um amor profundo que trouxe lucidez e força.
Também porque tive (e pedi) ajuda. E ela veio de duas borboletas lindas, mãe e sogra. Muito obrigada, queridas.
Hoje, a borboleta já consegue dar pequenos vôos por aí. Com muita organização, paciência e flexibilidade, as coisas foram se ajeitando. Os pequenos estão maiores, mais independentes e cada vez mais encantadores. Porém, com muitos desafios pela frente, eu sei.
Adoro ser mãe, apesar de não me sentir “nascida para ser mãe”. Preciso trabalhar, fazer ginástica, passear, ver minhas amigas, namorar… Preciso ser “eu” para ser uma boa mãe, para estar plena com meus filhotes.
Descobri, com a maternidade, o poder da organização, já falei sobre isto aqui. Mas não sou mãe linha-dura, sou relax, deixo sujar, fazer bagunça, pular no sofá…
Dá pra ser feliz sem ser mãe? Claro que sim. Mas acho uma pena desperdiçar esta oportunidade única de se “aprofundar” na vida, de mergulhar num poço sem fim de amor.
Easy love, hard love.
Feliz dia das mães!

Definitivamente, desejo que a  última lembrança desta vida seja das mãozinhas de Victor e Marina. E do colo da minha mãe, se Deus permitir.