Depois de queimar sutiãs, conquistar o mercado de trabalho e fazer e acontecer nessa vida “moderna”, parece até contrassenso falar que as mulheres tem vergonha da própria vagina. Digo vergonha, porque não é possível tanta falta de intimidade com algo que é seu, que faz parte do seu corpo, para o seu bel prazer.
No meu consultório ginecológico, tenho um espelho acoplado ao foco de luz e faço questão de apresentar tão misterioso órgão à dona. Umas viram o rosto: “cruz-credo, doutora, esconde isso daí!”. Outras arregalam os olhos: “Noooosa, ela é assim?”. Algumas olham curiosas, fazem perguntas, querem ser apresentadas.
Faço questão de explicar a anatomia e a função, o básico que poucas sabem sobre si mesmas, afinal, falta coragem para tocar a fundo. E até um certo “nojinho”. Acho estranho, como assim, nojo de si mesma?
Homem não tem disso não, mulherada. Pegam nos seus pênis, como verdadeiros donos da situação. E coçam, mexem e amam aquilo, cheios de orgulho. Zero vergonha. Zero nojo. Já a vagina, coitada, segue obscura. É uma pena, porque se trata de um órgão fantástico. É estreita, mas tem uma capacidade elástica extraordinária. Passam bebês por ali, você sabia? Nessa geração de cesáreas, é sempre bom lembrar de tamanha habilidade.
É também úmida e quente, se umidifica e esquenta em graus variáveis. Pode pegar fogo se você deixar (!) e te levar para viagens interplanetárias, basta saber estimular. Mas, para chegar lá, é necessário antes se conhecer.
Um espelhinho pode ajudar, mas o seu tato é fundamental na exploração. Aconselho também a se cheirar, pois o odor da secreção vaginal pode indicar doenças. Se você conhecer o seu cheiro, vai saber quando algo estiver errado. Se você criar intimidade com a sua vagina, vai até saber o seu período fértil, olha que máximo! Sem falar que vai poder dizer ao parceiro que, se ele mexer assim ou assado, pode te levar à loucura. Sim, sua vida sexual vai melhorar e, por consequência, seu relacionamento também… tudo por causa dela, sua vagina! Prazer em conhecer!